Para mulheres e homens sensíveis...
Tive que publicar este texto na íntegra, sem links que ninguém abre. Gostava muito que perdessem 5 minutos para ler esta conversa entre aAna Rita (a minha sobrinha/mãe galinha/escritora/pessoa tão generosa) e eu. Ora bem...
Bate-papo sobre dramas de gaja
Conversa de duas loucas, uma sobrinha e uma tia, que gostam de escrever uns disparates na Net
AR - A propósito deste meu texto, e do melodrama digno de ópera que vivo para tentar ter as unhas arranjadas, responde-me a minha querida tia, 16ª irmã do meu pai:
MSA - Antes de mais tenho que explicar o porquê de termos decidido escrever juntas. É um privilégio poder dar-me ao luxo de termos este bate-papo tão gostoso. Sou uma leitora assídua dos teus textos, completamente viciada nos relatos que descreves. Entro em tudo o que falas tão espontaneamente que parece que sou eu quem o diz. Digo eu. Falas do mundo machista, das diferenças absurdas entre o prazer dos homens e o sofrimento das mulheres. They have fun e nós tratamos do resto, ou seja de tu-do! Peguei no drama das unhas e de lá partiu a nossa conversa.
A natureza é machista e ponto final. Não me venham com aquela conversa de que as mulheres têm conseguido conquistar o lugar que merecem, porque, querida sobrinha, isso não é verdade.
Só uma mulher consegue perceber os dramas das mulheres, principalmente aquelas que são mães, mães como nós, que vivem para os filhos desde que nasceram. Não há tempo para mais nada.
Esses dramas de que falas, são os dramas de mãe (para além dos óbvios que também mencionaste). São também os meus, porque em muito nos parecemos. Também nunca consigo ter as mãos arranjadas. `É como dizes, bem rentes e limpas - pronto! A mim (depois de ter passado essa fase dos chupas, das fraldas, dos baldes da praia, areia até à raiz dos cabelos, dos ranhos, tosses, noites mal dormidas e pedidos de atenção permanentes) é o trabalho de casa mais as tintas, as colas, os papéis. Fica tudo grudado em mim, toda eu sou tinta… na roupa, nos sapatos, nos cabelos, nas mãos (dentro das unhas tb). Toda eu estou tingida e desgrenhada. Quando me olho no espelho, fico naquele dilema entre o riso e o choro (não choro mas tenho vontade) .
Olho para mim e pergunto onde fui eu parar! Isto é um bom tema para o meu próximo texto… O que é que achas Ana Rita (sobrinha adorada)?
AR - E o que é que eu acho? Acho maravilhoso. E então decidimos escrever juntas um texto, porque, filhas, isto das unhas tem i-men-so que se lhe diga. Ora vejam então o que me diz a minha tia:
MAS - A solução é nós gostarmos das unhas curtas e das nossas mãos lindas assim mesmo! Mãos, que como tb dizes e muito bem, são o espelho da alma. Repara nas tuas mãos. São lindas independentemente das unhas rentes e limadas. São mãos grandes, grandes mãos! Já viste o que fazes com elas? Mil e uma maravilhas. É assim que deves pensar. Mas posso dar-te umas dicas sobre hidratação, por exemplo. Arranja umas luvas de algodão, para começar, À noite, antes de te deitares, besunta as mãos de creme e calça-me essas luvas mulher! Dorme com elas e sossega. Ao fim duns dias vais reparar no resultado - Note-se: acabo de te dizer para fazeres aquilo que eu tb devia, mas que não faço - chama-se preguiça de tia.
Hoje em dia, já nem sei se gosto de me ver de unhas pintadas. Pareço outra pessoa, é esquisito! Então e os pés? Se há coisa bonita são pés bem arranjados com unhas pintadas (recomendo). No Verão, de sandálias e pés queimados, dá para nos sentirmos o máximo!
Sabes que mais? Tira uma merda duma folga. Se achas que o teu mundo vai desabar, deixa-o cair que ele aguenta-se. Vai cuidar de ti assim de repente, sem planear. Oferece-te esse prazer que bem precisas e esquece o resto. Afinal, nada melhor para repor energias do que cuidarmos de nós e sermos rainhas por um dia.
AR - Fico a pensar em tudo isto… é verdade que tenho umas patas soberbas, ótimas para pregar lambadas em pequenas nalgas embirrentas e apertar bochechas gordas sorridentes. São iguais às do meu pai, e tenho grande orgulho nisso. Amei a dica de hidratação mas terei de esperar que o meu pequeno daesh bebé não me obrigue a levantar de noite e procurar no escuro a chucha que está sempre em sítios improváveis … Não falemos de pés. Odeio pés.
Confessemos agora aqui que ninguém nos ouve. Sabendo que de facto ter ovários pode ser um grande drama, não deixa de ser uma honra sermos deslumbrantes. Mesmo com tintas, desgrenhadas e unhas rentes. É ou não é verdade?...
Essa folga que me fala, ui dava um dedo mindinho por ela, mas falta-me tempo, disponibilidade física e mental, vá monetária também, falou-me também do mundo a desabar, mas afinal… falamos de unhas mesmo?… smile emoticon
MSA - Amor, as unhas são um pretexto! E já agora deixa-me que te diga que gosto dos meus pés, apesar do esquerdo estar deformado por um joanete diabolicamente atrevido. É bom falar sobre nós. Começamos a falar de unhas e acabamos entupidas, aos roncos, cheias de lágrimas a pedirem socorro, para falar das nossas pequenas grandes angustias. O nosso mundo são os nossos filhos e achamos que temos que estar presentes para lhes dar tudo! Quando digo tudo, é mesmo tudo! Estamos inteiramente ligadas, orgulhosas, piegas, aflitas, atentas. É essa a nossa condição - ser mãe. Então o resto fica eternamente adiado, porque eles chupam-nos até ao tutano. Mas é bom, não é? Nada mais sagrado do que essa condição de ser mulher/mãe! É uma bênção que não trocaria por nada. As unhas podem esperar… mas também não nos podemos deixar abandalhar - é mais um drama a juntar aos outros.
Mas olha, as nossas mãos são o máximo! Adoro as tuas, adoro as minhas! Dedos compridos que explicam tanto sobre a nossa personalidade. Somos umas mulheres do caraças! Voltando à hidratação, deixa-te de merdas! Podes muito bem enfiar a Chucha no puto a meio da noite, com as luvas calçadas. Não inventes mais desculpas. Hidrata-te!
AR - Certo… Mãos e unhas, chuchas e tutanos, cabelos e roncos, folgas e hidratação. Certíssimo querida tia smile emoticon