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Digo eu

Digo eu

Idades ingratas

 

 

 

 

 

 





E pimbas, hoje tive a bendita ousadia de vestir uns jeans… pretos, claro. Já que a Carlota se passeia no Havai e levou o meu único biquíni decente, eu vinguei-me nas calças que ela cá deixou, vestindo-as assim mesmo justinhas a este corpinho que Deus me deu, e até que gostei me ver. Não levem a mal este meu auto-elogio à descarada, mas sabe bem dizer o que gostávamos que os outros nos dissessem. Há anos que não punha uns jeans! Odeio roupa apertada e desconfortável, optando sempre por calças de elástico na cintura, sem história nenhuma, de tecido leve que não se amarrota. Malta, assim que experimentarem não vão querer outra coisa em cima da vossa carcaça, que começa a dar sinais de velhice (não é precoce mas é a chamada meia idade, um nome que se aplica a quem já está mais para lá do que para cá). Voltando à roupa, falava das calças de elástico na cintura,  que assentam que nem uma luva para além de não darem trabalho - fica-se sempre com um ar bastante apresentável.

Entrei naquela idade que não sei bem o que é ridículo ou não vestir. Parece que regressei aos meus 12 anos em que tinha o mesmo problema. Deixa-se de ser criança e nada assenta nem se adapta ao corpo daquela fase. É uma idade ingrata que se farta, em que, salvo raras excepções, não nos sentimos bem connosco próprias nem com ninguém à nossa volta. É tudo um bicho de sete cabeças, incluindo as feições que mudam, a pele que passa a ser uma desgraça mais o malvado "período, uma ave rara que Deus entregou às mulheres, sabendo que só elas é que podiam aguentar. Aos 12 anos (ou mesmo antes, o que foi o meu caso),  para além das malditas borbulhas e pele oleosa, surgem pêlos por todo o lado, incluindo bigode e os do sovaco (já para não falar dos púbicos).  Crescem as pernas mas também o nariz, as maminhas e outras coisas ainda, deixando-nos completamente desproporcionadas, infelizes e horrorosas. Pois bem, a "meia idade" é igual aos doze anos só que com mais uns tantos em cima. As feições e o corpo também mudam, o corpo todo ele se transforma, os dentes saiem-nos da boca ou ficam escondidos dentro da mesma, voltam a nascer uns pêlos estranhíssimos dado às hormonas que se vão e outras que se instalam. Raios as partam!  A grande diferença entre os 12 e os 50 é que aos 12, ainda temos a vida inteira pela frente. Aos 50, já se viveu o suficiente para saber que é preciso aproveitar o tempo que ainda nos resta. 

Digamos que as coisas estão bem feitas assim. Nós é que nem sempre as aceitamos e, aqui entre nós que ninguém nos ouve, é totalmente normal. Nenhuma mulher que se preze gosta de ter bigode e pêlos nas pernas e também não aprecia as rugas e os cabelos brancos. Para ser franca, ele há dias. Dias em que não me importo nada com isso, outros em que - olhando para fotografias - começo a pôr defeitos da raiz dos cabelos até à ponta dos pés. 

Na verdade minhas caras, é preciso aceitar a obra de Deus. O processo de envelhecimento é assim mesmo, tal e qual. E podemos na mesma sentirmo-nos bonitas e saudáveis, a partir do momento em que se abraça a vida como é e o que ela nos traz. 

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