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Digo eu

Digo eu

Vamos dançar!

 

 

 




Sou mula até às últimas consequências. Porque não desisto daquilo em que acredito, nem desisto de ninguém de quem gosto. Desisto sim de coisas que não me dizem nada, de gente traiçoeira e sonsa, gentinha mal-amada. 
De ti não desisto nunca, mesmo depois de morta. Por isso prepara-te para me teres sempre à perna, mesmo sem estar ao teu lado. Não para te controlar, nem te proibir de nada. Tu lá sabes da tua vida, ou se calhar não sabes, mas também já percebi que és tão igual a mim no que respeita a acatar ordens. É do pior que há, aqueles que acham que querem, podem e mandam. Em nós ninguém manda nada! 
Para te convencer do que quer que seja,  tem que ser devagar. Tem que ser dum jeito mais raposa que tu, mais matreiro que as tuas manhas, daquele jeito que eu sei muito bem como te cativar.  Dócil no amor e na porrada, falando sério e a brincar, daquele jeito subtil que te faz rir e chorar por mais. 
És um dos meus eleitos, mas isso tu até sabes. Para que não haja dúvidas, não me importo de repetir que fazes parte da classe dos favoritos, aqueles para quem o tempo não conta, nem importa. Não dou por ele passar. 
Tens um lugar cativo e muito especial neste meu espaço. Por isso vamos lá dar a volta: Acalmar as tuas revoltas e transforma-las em serenidade. Tirar da cabeça essa mania de ser louco só para chatear. Respirar bem fundo, expulsando para o ar as inquietações que já têm barbas. Por agora é só isso. Havemos de chegar a outro patamar, depois de ter resolvido estas cenas que já deviam ter passado com a idade. Agora larga lá a bengala e vamos mas é dançar! 

Dilema

Estou aqui a roer-me num incrível dilema. Não é nada de dramático. É apenas uma questão de saber o que fazer desta casa que comprámos para 4 e que, dum dia para o outro, ficou grande demais para 2. 
Pelo andar da carruagem, tudo me leva a crer que as minhas filhas não se voltarão a instalar aqui de armas e bagagens, nesta casa onde ainda têm cada uma o seu quarto. Às vezes ainda me custa a acreditar nesta saída tão repentina. Não é que eu não soubesse e que elas tenham dado à sola sem avisar. Não, não foi nada disso. Simplesmente é caso para dizer: "Bolas, o tempo passa tão rápido… Qualquer dia sou velhinha". 
Se elas estão na segunda era da descoberta, em que querem abrir portas e janelas, ver tudo o que puderem, andar pelo mundo fora sem nada que as prenda à terra onde nasceram, eu do meu lado estou numa era bem diferente. Enquanto o ciclo delas está muito longe de estar encerrado, tendo ainda tanto para experimentar, desvendar, constatar, esclarecer e sobretudo sentir, saber o que importa realmente, quem são as pessoas que contam e que fazem diferença nas suas vidas, se fazem ou não tensões de constituir a sua própria família (uma decisão que ainda deve estar longe de ser pensada), o meu ciclo de agora está basicamente completo - é o tal da aceitação. Primeiro ponto: aceitar que elas cresceram e que até já são maiores de idade. Segundo ponto: aceitar que não só escolheram sair de casa, como sair do país para encontrarem o que quer que seja que procuram. Terceiro ponto: aceitar que a casa ficou grande pacaraças, vazia pacaraças, basicamente deserta sem as suas presenças, as suas conversas, as suas gargalhadas e até as suas irreverências. Falta-me aceitar outras coisas ainda, mas isso é outra conversa.
O que fazer da casa? Transforma-la? Há que pensar e decidir o que faz mais sentido e se há condições para lhe dar o devido sentido. Heis o incrível dilema.
Pois que a nossa geração não anda pelo mundo de mochilão. Temos outras exigências e outras preocupações que nos fazem andar com os pés bem assentes na terra, fazendo contas à vida e o que é melhor fazer dela.

Amor

Hoje mesmo falou-se de amor por aqui, não foi? É tão difícil explicar assim preto no branco o que isso é, uma pequena palavra de 4 letras apenas que tem tanto para dizer. Invejo aqueles que o descrevem de maneira tão poética, deixando transparecer a loucura e a paixão, porque doutra maneira é tão foleiro dizer-se :"amo-te"! Excepto quando se está no gozo e aí vale tudo, mesmo quando é isso mesmo que se quer dizer. "I love you" soa muito melhor, ou simplesmente "love you" que se vê escrito em todo o lado, especialmente nos comentários dirigidos a meras fotografias postadas no facebook. Ama-se tudo! Tanto pessoas com coisas, animais, plantas, o mar. Pode-se amar alguém com uma intensidade tal que se fica num estado de transe, meio aparvalhado fazendo figura de tonto. Não é verdade? Os outros até ficam embaraçados ao assistir a essas cenas que ninguém gosta de dizer que gosta de ver. 
Pode-se amar até a própria ideia do amor, uma noção que nos passa pela cabeça do que significa a entrega total, o que hoje em dia é quase raro. Pode-se amar um momento específico da nossa vida, porque a memória que fica é de total felicidade. Mas a verdade é que é meio fatela dizer "amor". 
Em termos práticos e sem mencionar a palavra, conhecemos o amor dos nossos pais, dos nossos filhos, dos nossos irmãos e amigos, mesmo que muitas vezes duvidemos dele ao ponto de sentirmos raiva, insegurança e um desejo irresistível de discutir, abusar do palavreado ou até mesmo virar as costas e bater com a porta, murmurando entre dentes ou gritando aquilo que todos sabemos. 
Quantas vezes em criança fiz eu as malas para sair de casa! Quantas vezes os nossos filhos nos ameaçam ir embora porque estão fartos de ser controlados! Quantas vezes os casais se zangam e dormem em quartos separados! Mais de um milhão de vezes por segundo, em qualquer parte do mundo e isto sem exagerar. 
É sabido que o amor precisa com frequência de entrar em guerra para poder fazer as pazes. É preciso soltar amarras e gritar independência para nos certificarmos que temos uma identidade própria, porque o amor também sufoca de tão intenso que pode ser. Quanto sacrifício é preciso fazer! 
E depois há quem ame e não seja correspondido. São aqueles que se apaixonam sozinhos sem história comum para dividir, vitimas duma aventura unilateral. Ah meus amigos, isso é fatal! São os feridos que ninguém consegue consolar, os deficientes que não têm direito a nada, nem mesmo passar à frente na bicha do supermercado.