o que importa
Acho graça... Observo-te enquanto sacas dessa lábia bonita para falares da amizade como uma coisa sagrada, sem fazeres tensões nenhumas de mexeres um dedo ou levantares o rabo, para que se veja que fazes questão de cumprir com a tua palavra. Devemos ter noções bem diferentes do que é uma coisa sagrada. Pensas sempre em ti em primeiro lugar, no que mais te apetece ou convém e os outros que se adaptem. Se alguém fica de fora, sem um cantinho para dormir na casa onde vais passar as férias, ainda que seja aquele amigo "sagrado", paciência. Desde que o teu lugar esteja assegurado para todos os lugares que planeaste passear o teu belo corpinho, é o que importa.
Para mim, sagrado é tudo aquilo que não tem discussão possível, que está sempre no topo das minhas prioridades. Não me parece, nem vagamente, que essa atitude egocêntrica e vazia de princípios possa andar perto da virtude que dizes ter no teu carácter. Já pensaste? Pensa de novo na tua postura, na maneira como ages em relação aos que chamas de amigos. Para começar, devias fazer um exame de consciência. Quando foi a última vez que te entregaste a alguém antes de pensares no que era melhor para ti? Esse teu ar de Madalena arrependida não me comove, nem as tuas lágrimas de crocodilo nem esse ar fingido de quem se precocupa com os amigos. Só ligas quando te toca. Nessa altuta, AI de quem se atreva a não parar o baile! Têm todos têm que ficar estáticos e de boca aberta, de preferência fazer-te vénias para te deixar passar, como se fosses uma estrela dum filme de Hollywood. É tão patético, desculpa... Tenho então pena de ti, da tua insegurança, desse teu ar altivo que é mesmo ridículo até dizer basta!
Porque não fazes uma pausa? Dá a ti mesmo o benefício da dúvida, parando para pensar nos outros e em ti, na tua rica vidinha, nessa falsa modéstia, no teu orgulho e na tua vaidade. Dá um pouco mais de ti a ti mesmo, para ficares mais diponível para os outros, se é que eles interessam. Depois volta cá que a gente até conversa.