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Digo eu

Digo eu

Se a gente não se chateasse tanto

 

 

Se a gente não se chateasse tanto, seria mais fácil. O mundo não acabaria amanhã só porque as férias acabam, o regresso à vida de trabalho não seria dramático, o trânsito  não faria diferença nenhuma, o calor seria o mesmo e a ida para o aeroporto marcada para dia 2 com a despedida, mais uma vez a despedida,  seria mais fácil. 

O Verão ainda não acabou mas amanhã será inverno porque nos bate à porta a claustrofobia e a neura antecipadas. O dia 1 e o dia 2 conspiram entre si e conspiram contra nós numa guerra aberta donde apetece fugir, desatar a correr sem parar, até à chegada das próximas férias, do próximo encontro, sem haver a parte chata do meio que nunca mais acaba e a quem a gente chama simultaneamente de gandaporra e saudade. 

Mas a gente chateia-se e não é pouco. É como levar um enxerto de porrada, sem conseguir levantar um dedo para nos defendermos e darmos porrada de volta. 

Seria bem mais fácil se a gente não se chateasse tanto com a vida que dá e tira, leva e traz, cai e levanta. E a gente não vê a sorte que tem da vida que tem ser tão fácil. 

 

 

Quero que saibas

 

 

 

 

 

Quero que saibas por mim, ainda que talvez já o saibas, que nada é perfeito nesta vida, que há sempre qualquer coisa fora do lugar, que o tempo não chega para nada, que todos temos os nossos defeitos, todos temos os nossos dias e aqueles momentos de puro êxtase ou de total frustração. Não desesperes nem te irrites mas tira antes partido desse padrão.

 

Quando temos que tomar decisões sobre assuntos importantes, olhamos à volta e perguntamos o que fazer. Apesar dos conselhos e das dicas de pessoas que muito nos tocam, aquelas por quem sentimos a maior das considerações porque as gramamos tal como são, cabe-nos a nós e só a nós, movermo-nos no sentido de chegar onde pensamos encontrar a melhor solução. 

 

Todos os dias, se quisermos prestar atenção, aprendemos coisas novas,  umas que devemos reter, outras que nada têm a ver, outras ainda que só servem para nos protegermos do mal que nos podem fazer. 

 

O caminho da nossa vida somos nós que escolhemos e nesse caminho da nossa escolha vamos encontrar os mais variados obstáculos que é preciso saber contornar ou aceitar que nem tudo é fácil, que há que fazer por merecer. Não devemos desistir só porque há uma pedra no sapato, mas podemos aprender a melhor maneira de a descalçar. Tudo se consegue, desde que se esteja empenhado, de coração aberto e receptivos para tirar o maior partido dos pontos que vamos assimilando, descobrindo e compreendendo através nas nossas experiências e dos exemplos que servem de lição. 

 

NÃO SE PODE TER TUDO O QUE SE QUER MAS PODE-SE SER FELIZ COM O QUE SE TEM. É preciso agradecer. É preciso perdoar. É preciso saber ver com quem se pode contar e saber retribuir, na medida do possível, o bem que nos fazem, mas nunca o mal. Isso seria dar confiança a quem não merece ou colocarmos a vingança em lugar de destaque. É também fundamental estar disposto a dar sem necessariamente receber exactamente aquilo que esperamos, porque nem todos se manifestam como nos nos manifestamos. 

Nunca devemos culpar os outros pelos erros que cometemos mas devemos reconhecer que não há nada que seja ideal nem ninguém que seja perfeito. 

 

Para conseguirmos o nossos objectivos, é imprescindível compreender que é preciso largar mão de outras matérias e outros assuntos que talvez não sejam tão importantes quanto julgamos. Ou seja,  temos muitas vezes que fazer as nossas escolhas e olhar para dentro para sentir o que mais nos motiva e nos faz crescer. 

 

 

Qualquer que seja o teu critério e a tua opção de vida, pensa que a decisão é tua, mesmo que eu te diga que eu seguiria outra via. Afinal o que é que isso interessa? A vida é tua e não minha. Mas quero que saibas e que nunca te esqueças que de mim terás sempre todo o meu apoio.

Não quero ter bigode!

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Já olhaste bem para mim?

Tenho um bom par de patorras e uns pés que nunca mais acabam, tal e qual como os meus irmãos.

Os meus braços são de macaco e não estou a exagerar até porque me chegam até aos joelhos, o que é feio mas disfarça-se. A grande vantagem é conseguir aceder ao topo das prateleiras dos armários, como se fosse alta e espadaúda, quando na realidade não passo dum mísero metro e 60. 

Não sei que raio de proporções são estas que me deram (“filha, tens um corpo de pobre” dizia a minha mãe) nem nunca percebi bem se isso era um insulto ou se era uma piada. Dei-me conta mais tarde que ter um corpo de pobre tem um “je ne sais quoi” que não sei se é género ou se é charme.  O mais interessante é que me encaixo em vários números, desde que estejam compreendidos entre o XS e o L. 

O cabelo não é preto, nem castanho, nem ruivo nem loiro. É uma mistura estranhíssima de todos esses tons que no verão com o sol ficam esverdeados. Além  disso, não é liso nem encaracolado mas tem umas ondas completamente desordenadas que eu já não tenho saco para pentear. Conforme me levanto, assim fica o cabelo indomável todo o santo dia, quer vá para a praia ou para a cidade. 

Descobri que andar desgrenhada é balda mas também sofisticado e não dá nenhum trabalho. Não sei se consegues ver a vantagem, nem tens sequer que concordar ou achar a menor das graças... Só há uma merda que me irrita: Os cabelos brancos espetados, com o dobro da espessura do cabelo normal, que não gramo nem com molho de tomate. É que sabes, ainda não cheguei àquela fase do “DeixaAndar, QueSeLixe, SouBelaMesmoAssim” ao natural. Para isso então também deixava crescer o buço e os pêlos no queixo à laia de bode. Lá mais para a frente no tempo, hei-de conseguir vencer a crise e deixar que os cabelos brancos sejam motivo de dignidade. 

 

Eu não digo que se aprende até morrer? Pois é querido amigo, isto de envelhecer tem muito que se lhe diga. Não dá para se deixar ir e ficar conforme o que o tempo nos trouxer. Um bocadinho de vaidade nunca fez mal a ninguém, mesmo com rugas, cabelos brancos e o bigode que é preciso arrancar até à morte. 

De bem com a vida

 

 

 

 

 

 

Há sempre uma merda qualquer na vida de cada um, mesmo que a vida seja aparentemente do melhor que pode haver. Para mim é este calor que me irrita e o desassossego das férias que não são férias nenhumas.

Implica-se com tudo mas com nada que seja legítimo. Uma coisa é certa: não se chega a aproveitar o tempo que existe porque se perde tempo a defender teorias que não trazem qualquer benefício. A vida torna-se complicada porque as pessoas a complicam.

Não se tomam as decisões certas ou não se tomam decisões, ponto.  Fala-se quando se deve estar calado e fecha-se a boca  àquilo que é fundamental sair. Depois fica-se frustrado e atiram-se pedras aos que não merecem nada disso. 

Porque é que a gente faz tudo ao contrário? Será que se gosta de andar chateado ou será que há uma necessidade mórbida de andar tudo aos gritos? 

 O facto de se estar habituado e de até fazer aquele gesto de encolher os ombros (como quem diz que se lixe),  não impede que se fique incrédulo e sentido com a falta de jeito para comunicar, perdendo tantas vezes a ocasião de se andar de bem com a vida. 

 

Togetherness

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26 anos de vida em conjunto, já para não falar dos 11 de preparação que não previram tudo o que se iria passar.  Somos assim normalíssimos e fora do vulgar. Porque aqui há de tudo... Desde a rotina chata à boa rotina, aos costumes e às manias que vão variando ou que são iguais. Estamos nisto desde miúdos e fomos amadurecendo juntos. 

Não pensem que o amor é um sentimento mútuo que vai muito para além disto. O amor tem tanto de  bonito como de azucrinante e talvez por isso seja sólido e fundamentado. É uma questão de empenho, trabalho, cuidado e um forte  compromisso diário. Ninguém está aqui de olhos fechados ou iludido com coisa nenhuma. Estamos sim ligados com o mesmo propósito, onde a confiança é total. Só assim é possível ir somando pontos, à medida em que os anos passam. Só assim faz sentido termos tido duas filhas, onde depositamos tudo o que temos de melhor, para que elas também possam saber o que é isso do “amor”. O amor tudo suporta, desde que se esteja consciente e preparado para aceitar as duas faces da mesma moeda, sabendo que ela pode rodar. 

 

Eu sei que há gente extraordinária

 

 

 

 

 


Eu acredito.

Acredito e sei que no meio de toda a tristeza que se passa neste mundo, há pessoas extraordinárias.

Pessoas que apesar de todo o sofrimento a que são submetidas, que todos os dias passam por provações inacreditáveis, têm uma capacidade fora do vulgar para nunca desistir dos seus propósitos, parecendo até que à medida que mais dificuldades encontram no caminho, mais tenacidade arranjam para as enfrentar.

São essas que menos se queixam, que menos se revoltam, que não culpam ninguém da vida que têm, mas que ainda agradecem a Deus pela sua fé e por cada dia que passa. 

São essas pessoas extraordinárias que aceitam os sacrifícios, as dores, as quedas e que no próprio segundo vão buscar forças, que nós nem conseguimos imaginar donde vêm, para arregaçar as mangas e voltar à carga.

São essas pessoas que nunca encostam à berma, que apesar do seu cansaço face às adversidades, se recusam a baixar os braços.

São elas que nos mostram o que é a perseverança, o que é o verdadeiro sucesso, quando triunfam com tanto prazer por vencerem mais um contratempo, que para nós seria a maior das desgraças.

Que pessoas extraordinárias!

Só pode ser gente abençoada, todas essas pessoas que através do seu exemplo, nos fazem sentir mais pequenos que um grão de areia, por nos queixarmos de pequenas coisas sem importância , quando fazemos delas o maior drama.

Quem nos dera pudermos mudar a nossa vida e a maneira como olhamos para os problemas, por nos deixemos tocar por essa gente maravilhosa, deixando-nos contaminar pela sua boa vontade, pela sua fé, pela sua força e pelo seu exemplo de coragem. 

O mundo seria bem diferente, se tivéssemos a mesma valentia que elas têm. 

Por quem lutam os homens

 

 

 

 

O Drama não é Nova Iorque, Paris, Bruxelas ou Nice.

O drama é o mundo inteiro virado de cabeça ao contrário, as guerras por toda o lado, a brutalidade em que se vive em tantos países, como se fosse uma rotina normal.

O drama são as pessoas que acordam e se deitam ao som das bombas e dos tiriteios, que ficam sem casa e sem famíia, subterrados no meio dos escombros. 

O drama é a fome, a miséria e os acordos de paz que nunca se cumprem, que se adiam ou nunca se fazem.

O drama é esta gente vingativa que quer à força impor ideias e crenças, mascarados de soldados da paz ou de guerreiros enviados por Deus. 

O drama é não sabermos quem vamos encontrar ao virar da esquina, não ter a mínina ideia se seremos as próximas vítimas, vivendo em permanente sobressalto. 

O drama é pagar o justo pelo pecador, quer seja cristão, muçulmano ou pagão. 

O que aconteceu aos homens deste mundo? Não vejo resposta para esta questão. É tudo demasiadamente preverso para que se possa compreender as razões. É tudo triste, feio, desastroso e maléfico e esmagador.

Uma amizade como a nossa

 

 

 

 

 

Eu não pedi para nascer e no entanto aqui estou eu, não pela decisão consciente dos meus pais mas sim porque eles acreditavam piamente que deveriam ter os filhos que Deus quizesse.

Só o facto de ter dado a vitória às mulheres lá de casa por ter sido o desempate, já valeu a pena. Como sabem, números pares é um bocado irritante e tinha que haver mais um membro na família para desequilibrar a balança, onde estava em cada prato 8 rapazes e 8 raparigas. Tudo muito composto não tem graça. Acima de mim há 4 rapazes, tudo bons rapazes por sinal, onde a maluqueira se faz representar em grande escala, de longe os mais asneirentos, a quem a disciplina não alterou os genes nem a vontade de desobedecer às regras que eram impostas. 

Habituei-me assim a dar-me mais com rapazes, embora adorasse brincar com bonecas e fazer de conta que era mãe de todas elas. À medida que fui crescendo, não tinha grande paciência para raparigas e a única com quem me dava como se fossemos irmãs gémeas, era com a Ritinha minha prima, que sempre teve imensa graça. Fumavamos às escondidas no pinhal da quinta da marinha onde morávamos, massos inteiros de seguida, já que não os podíamos levar para casa. 

Fomos crescendo assim,  no meio de rapazes a fumar cigarros, com uma linguagem muito própria, uma linguagem que não precisava de muitas palavras. Bastava dizermos o princípio das frases para saber o que se seguia, fosse qual fosse o assunto. Riamo-nos às gargalhadas e nunca houve qualquer espécie de rivalidade entre as duas, mas sim um entendimento tão delicioso que quase parecíamos ser a mesma pessoa. O tempo durava uma eternidade, havia de sobra para fazermos tudo e mais alguma coisa e éramos miúdas felizes, bem dispostas, do tipo unha com carne, mata e esfola. 

Eu não sabia como iria ser a minha vida, A Ritinha também não. A verdade é que chegou a uma dada altuta em que os percursos foram diferentes, nunca ao ponto de nos sentirmos estranhas ou deixarmos de nos importar uma com a outra. 

Ela casou-se muito mais cedo do que eu e teve 2 rapazes. Eu casei-me muito mais tarde do que ela e tive 2 raparigas. Ela já é avó, eu ainda não. Ela vive no Alentejo, eu em Cascais. Nada disso alterou a nossa amizade. Continuamos a entendermo-nos às mil maravilhas, a falarmos com a mesma descontração de sempre e a sabermos tudo o que importa sobre a vida de cada uma. 

O grande segredo duma amizade assim não tem que passar pelo mesmo estilo de vida nem necessariamente pelos mesmos gostos. Basta não haver nenhuma imposição, nehuma exigência ou sequer a mínima dúvida que estamos na vida uma da outra quando queremos estar. 

 

Se o tempo esperasse

 

 

 

 

Gostava de te ter sempre comigo. Seria como se o sol nunca se fosse, como se o verão durasse para sempre mas sem o calor insuportável. Eu sei que não é possível, que tudo mudou entretanto e nada nesse aspecto  se assemelha às fases da lua que vão e voltam, entre espaços regulares. 

 

Em relação a ti, eu tenho sempre aquele feeling que passa tudo tão rápido que nunca chego a matar as saudades. O tempo de espera é muito mais longo do que eu gostava e quando chega a hora de nos encontrarmos, não temos tempo de nos gozarmos. Chegas e logo sais, à procura de outra gente, mais da tua idade. Imagino os abraços, as farras, os copos e os risos, tudo aquilo que te faz voltar a outro andamento mais descontraído, numa altura de pausa que é preciso aproveitar para curtir, sem ter horários para cumprir. Descansar... Nada.  Está tudo na mesma, mas todos mudaram e nem todos te festejam como esperavas. Dá para notar que lá no fundo, fica uma certa nostalgia de outras alturas em que mais te identificavas, porque não conhecias mais nada. 

 

Eu entretanto também mudei. Tive que me adaptar e me reorganizar. Não é nada fácil mas é o que tem que ser. Contra isso não posso fazer mais nada senão  aceitar e viver o melhor possível, sem ter por perto o melhor sol de todos, aquele que me aquece a alma. Para mim, o previsto começa a ser mesmo evidente. Os anos passam e a gente vai envelhecendo sem a menor chance de parar o tempo. Devia haver um “remote control” que nos fizesse travar para apreciar os bons momentos, ou pelo menos que os fizesse andar em “slow motion”, para que se visse cada detalhe.  

 

 

Só nas lembranças reside esse prazer. De resto há que continuar e acumular experiências, esperar por novos encontros com gente que nos vai fazer sentir outras coisas como a maturidade, o “know-how”, a responsabilidade e outros agrados especiais que a vida nos traz. 

Somos bons se o quisermos ser

 

 

 

 

 

 

Deixem-nos gozar durante uns bons tempos esta maravilha do futebol. Deixem-nos andar de cabeça erguida, orgulhosos da nossa selecção. Mas que a malta não se esqueça de se manter unida depois da euforia e das manifestações. 

Que se mantenha o brio em sermos portugueses, o espírito de união, o ânimo de seguirmos a vida de coração cheio e com a mesma pujança que nos fez saltar de alegria, por sermos os melhores da Europa a jogar à bola. 

Há que continuar de cabeça erguida e de mangas arregaçadas, para que ninguém ouse dizer que não valemos a ponta dum corno, que somos apenas um bom local de passagem, onde há muita simpatia e belos petiscos, paisagens do outro mundo, belas praias, festivais de música, noitadas ao luar, preços convidativos e de resto ninguém sabe que mais. 

Há que mostrar ao mundo que somos muito mais do que uma boa equipa de futebol, muito mais do que Campeões do Euro 2016. Que façamos tudo para calar os invejosos, os presunçosos e os convencidos que se julgam mais capazes do que nós. 

Basta olhar para os povos das nossas antigas colónias, para ver a diferença entre o que por lá fizemos, o que lá deixámos e o que fizeram os outros que também colonizaram. 

Não foi só Portugal que vibrou com o Euro 2016, mas ainda todos aqueles por onde deixámos raízes bem sólidas e a sensação que nunca de lá saímos. Tanto que comemoraram a nossa vitória como se fosse a deles, erguendo a bandeira de Portugal.  

Então, isso não significa nada? Significa que somos bons. Muito melhor do que pensam os que se acham superiores e do que muitas vezes julgamos. 

Somos peritos a improvisar, quando à última da hora há que  tapar um buraco, sabemos dar a volta às desgraças fazendo piadas e contando anedotas. Não é por isso que somos bons mas até nisso o somos. 

 

É preciso é não esquecer que podemos ser melhores, desde que haja o mesmo espírito que nos uniu para aplaudir o futebol. 

 

 

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