Cada vez mais estamos na presença de casais que discutem por todas as razões e mais alguma. Mesmo assim a malta continua a casar. Teoricamente não deveria haver diferença entre aqueles que escolhem viver juntos e os que optam por regularizar a situação, quer seja no civil ou na igreja, sempre com direito a festa, banquetes transcendentes e bebidas à descrição, que a seguir vai tudo vomitar. Os noivos recebem dinheiro para poder viajar, já que de outra maneira seria impossível conseguir pilim que chegasse, mesmo que fosse só até ao Algarve.
Não há tempo para fazer outra coisa senão trabalhar. A casa fica uma javardeira, há pilhas de roupa para lavar, restos de comida nos pratos que ficam eternamente no lava loiças a transbordar. É preciso ter bastante elasticidade para conseguir chegar à torneira e enfiar a loiça na máquina.
Também é comum passar-se das festas e beijinhos ao “chega para lá que tásmadar uns nervos, que não tarda estás aqui estás a levar”. Há sempre uma dor de cabeça, uma dor se estômago e um ar enjoado. Passa-se das conversas ao silêncio num ápice, ou à troca de palavras que deixam muito a desejar.
Meus meninos, vamos lá a ter calma. Ninguém disse que o casamento era um mar de rosas. Há que ter paciência e sobretudo respeito. Há que aprender a ceder sem no entanto se anular. Há que saber crescer, valorizar, estimar. Há que se ser capaz de construir uma vida a dois, o que não é nada fácil. Não desatinar à mínima contrariedade, nem mijar fora do penico, que é uma autêntica friagem. Descobrir dentro das crises, a melhor forma de dar a volta e ser capaz de continuar.