Gente que não faz falta
Sabem aquelas pessoas que aparecem de repente nas nossas vidas e que de um dia para o outro desaparecem do mapa? Elas vão à suas vidas e nós continuamos as nossas, como se nada tivesse acontecido nesse intervalo. Às vezes ponho-me a pensar nisso e acho até engraçado constatar como há pessoas que só se lembram dos outros quando precisam ou quando lhes dá imenso jeito, andarem sistematicamente à crava da nossa atenção, dos favores que vamos fazendo, do tempo que vamos gastando em troca de uma amizade um tanto ou quanto inválida. Sem a gente saber bem porquê, passamos de necessários a descartáveis, basicamente por terem passado a cravar outra vítima qualquer. E assim do nada evaporam-se, não deixando qualquer vestígio e muito menos o sentimento de falta. Saudades? Saudades a gente só sente de pessoas que marcam a nossa vida de forma positiva. Aquelas que se aproveitam um pouco da nossa boa vontade e que desaparecem, deixam apenas um grande alivio. Habituamos-nos à presença e às solicitações porque somos meros animais de hábitos. É por isso que a vida de todos os dias se chama rotina, rituais que nos dão uma certa ideia de estabilidade, quando realmente não passam de gestos automáticos que fazemos sem pensar. E vocês sabem como é essa mania dos hábitos e como há hábitos que são estúpidos que nem uma porta. O facto de terem dado à sola é na verdade um peso que nos sai de cima, aquela coisinha que andava sempre colada a nós e que já nem reparávamos como tinha passado de prazer ao verdadeiro incómodo.