O amor pode acabar
Falou-se em promessas e jurou-se fidelidade em qualquer circunstância, por mais que isso custasse. E afinal nem todos cumprem o que prometeram e arranjam sarna para se coçarem. Não me venham com desculpas de horários, de vidas incompatíveis, de pouca disponibilidade. Não me digam que é muito mais difícil do que pensaram. Não me venham com a conversa de que não sabiam o que os esperava e que o sonho virou pesadelo impossível de aturar.
Ok, podem acontecer milhões de coisas diferentes. Ninguém disse que era fácil. Uma vida a dois é talvez a maior prova de fogo que o amor tem que passar. É normal e frequente haver dúvidas, ter vontade de sair pela porta para poder pensar. É normal discutir-se, haver dias de perfeita loucura em que se pensa que o casamento não vale de todo a pena, porque só aumenta a probabilidade de haver choques entre duas personalidades.
Mas esperem lá. E quando se casa depois de já se ter partilhado o mesmo espaço durante anos a fio? O que é que muda quando já se conhecem os dois de cor e salteado? É a rotina? A rotina não muda só por se ter assinado um papel. É por se estar farto dos defeitos, quando os defeitos são os mesmos, ou porque não se arranja maneira de continuar a lidar com eles apesar das qualidades? É porque não há cedências, ou porque um se quer destacar, liderar e sufocar ao ponto do outro rebentar?
É porque aparece um intruso mais atraente? Sim pode acontecer. E assim se deita tudo a perder, se joga no lixo o parceiro a quem se jurou lealdade, tentando ainda levar um vida dupla. Que sentido é que isso faz? Se é para largar, então mais vale desaparecer de vez. É uma pena mas o amor pode acabar. O que não se pode admitir é que se queira continuar a dominar a vida daquele que se quer largar, através de manobras pouco claras, de argumentos manipuladores ou até de chantagem emocional.