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Digo eu

Digo eu

Só tu

 

 

Deus olhou lá de cima para os teus pais, gente boa essa que já não se faz, e deve ter achado que a melhor maneira de os ajudar, era fazer com que te fizessem a ti. Pôs-te a responsabilidade toda em cima teus ombros, sabendo que irias ser capaz de carregar esse peso até ao final dos teus dias. Para ser justo, o que é mesmo o seu género, deu-te uma inteligência e uma perspicácia fora do normal. Além do mais, deu-te um espírito cheio de graça, com muita graça mesmo e um carácter sem qualquer espécie de falta do mesmo. Pensou numa criança que pudesse crescer depressa sem ter tempo de ser criança e que não se importasse de se privar do tempo de poder brincar. Escolheu as melhores aptidões, criando na sua cabeça um perfil adequado à chefia por excelência e à bondade do melhor que há. Aquela bondade que já não se encontra facilmente nos dias que correm, pelo menos que eu saiba. Os homens tornaram-se tão ambiciosos que já não agradecem nada de nada, esperando em vez disso que lhes agradeçam a eles qualquer coisinha que façam.  Não foi o teu caso. Enquanto trabalhavas,  agradecias. Agradeceste todos os dias tudo o que tiveste, começando pela mulher com quem casaste, os filhos que foram nascendo e depois os netos. Não deve ter sido fácil todo esse processo. O desenrolar dos acontecimentos, as novidades, os pedidos constantes de ajuda que chegavam de toda a parte. Todos os dias essa responsabilidade em cima dos teus ombros... Meu Deus só tu para aguentares! Não sei doutro homem como tu. Não conheço ninguém que tenha tido o que tiveste, sem nunca duvidar se era assim que devia ser, ou espaço para fraquejar. 

 

 

 

 

 

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