Duvidas e questões existencais
Mães, nós não somos perfeitas. Somos perfeitas à nossa medida e na medida do possível. Digo mesmo que somos super mulheres só pelo facto de sermos mães. Passamos a vida com os filhos ao colo e ainda nos condenamos pelas raras vezes que nos enganamos. Errar é humano, lembrem-se disso.
Proporcionamos aos nossos filhos o que temos de melhor. Não são os bens materiais que contam. É o nosso amor incondicional e melhor que isso não existe.
Quando os filhos são pequeninos , dependem de nós para tudo.
Somos então as melhores mães do mundo. Orgulhamo-nos a vida inteira desde que nascem.
Do primeiro bocejo,
do primeiro dente,
do primeiro sorriso.
Das mãozinha perfeitas e doces que beijamos com o coração aos saltos.
Dos primeiros passos.
Das primeiras palavras que só conseguimos traduzir e saber o que significam...
E quando dizem mãe com todas as letras, ficamos então enfeitiçadas, de joelhos trémulos de emoção como estivéssemos a ouvir a melhor música do mundo ou a mais sedutora declaração de amor.
É num instante que crescem, que dum dia para o outro nos empurram quando tentamos abraça-los. A nossa simples presença é o cúmulo da nossa audácia! Eles não nos querem ver nem pintadas mas querem-nos sempre atrás da porta, no próprio segundo que se lembram de gritar por nós.
Servimos para lhe fazer aqueles favores que eles consideram nossa obrigação, estando inteiramente disponíveis para os transportar de um lado para o outro e meter-lhes dinheiro na mão.
Desafiam-nos e testam-nos, desobedecem e fazem questão. Afirmam e repetem, com todo o vocabulário que vão adquirindo através das suas experiências, que somos um verdadeiro bloqueio e a pior cena para resolver as suas questões filosóficas, as suas crises existenciais e tendências próprias da idade. Eles não conseguem imaginar que já nos debatemos exactamente com os mesmos problemas e afirmam que a nossa experiência não vale nada.
As mães atrapalham.
Atrapalhamos mas vamos dando jeito pelo sim pelo não e lá no fundo estamos lá para tudo o que precisam. Eles precisam de nós mesmo quando dizem que há mães muito melhores do que nós.
Com a nossa paciência vamos deixando que a fase passe. Eles saltitam de fase em fase, de crise em crise e nós levamos com mais um empurrão. Se eles de vez em quando levam uma palmada, nós levamos sovas umas atrás das outras através das respostas tortas e despropositadas, dos olhares provocadores que nos trespassam o coração.
Devagarinho vão voltando. Vão-nos achando graça. Vão-se expressando e conversando, pedindo até a nossa opinião.
Eles não se dão conta de tudo o que passámos.
De tudo o que ouvimos.
De tudo o que gramámos.
Damos por nós a duvidar das nossas qualidades e do nosso amor incondicional. São também as nossas fases, as nossas crises e a nossa idade. Não nos condenemos por isso.
Nós não somos perfeitas. Somos perfeitas à nossa medida e na medida do possível. Não há como duvidar.