Partilha do mesmo pão
Toda a vida vivemos juntos e partilhámos o mesmo pão. Temos o mesmo amor pela família, fomos educados com o mesmo rigor e foram-nos ensinados os mesmos princípios. Somos livres de espírito e acreditamos naquilo que queremos sem nenhuma imposição. Cada um tem a sua cruz e sente à sua maneira o que carrega. Todos temos consciência do bem e do mal. Eles cruzam-se no nosso dia a dia e atravessam-se à nossa frente para que nos seja possível escolher. Somos tentados tantas vezes a adoptar o caminho mais fácil, o que menos nos incomoda, fechando os olhos aos apertos alheios que estão mesmo ao nosso lado. Todos temos os nossos bloqueios, as nossas hesitações e até mesmo crises de toda a espécie. Mais do que os factores que vêm de fora, é o nosso íntimo que batalha contra si próprio, pairando entre as certezas e as dúvidas que são ilimitadas.
Para mim a escolha não é assim tão difícil. Em primeiro lugar está sempre a família. E no meu entender, a família não se resume apenas aos que têm o mesmo sangue, o mesmo nome e os mesmos traços físicos e mentais. São também os têm o mesmo espírito, a mesma sensibilidade, a mesma benevolência. São todos aqueles que partilham comigo a mesma dor e a mesma alegria diante dos factos. São obviamente pessoas próximas com quem me identifico e que se identificam comigo pela maneira de agir, estando presentes na hora certa ou retirando-se quando vem a propósito.
Quanto às crenças religiosas, elas não não se discutem. Há quem não acredite em nada e seja ainda assim uma pessoa mais religiosa do que aqueles que acreditam mas nem sempre se comportam da melhor forma. Com esses consigo também partilhar o mesmo pão, sentar à mesma mesa e sentir a mesma necessidade de entender o próximo.