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Digo eu

Digo eu

Conversas sérias de Marta Gautier

 

 

 

Ontem fui ao teatro. Levada pelos cabelos, arrastada e praticamente em braços, mas fui. As minhas queridas amigas que se preocupam comigo obrigaram-me (vacas)! Ofereceram-me o bilhete e vieram-me buscar. Lá fomos nós com a Mónica a guiar pelas ruas de cascais num carro eléctrico mirabolante que vai dos 0 aos 100 em 8 segundos (ou lá o que é) e ainda por cima não faz barulho. Enfim, uma peça única que pertence ao António Bernardo, cujas qualidades estou farta de mencionar. 

O teatro... Assistimos a um monólogo muito interessante de Marta Gautier, CONVERSAS SÉRIAS que me fizeram rir e pensar. O vazio que temos cá dentro e os altos e baixos da vida. Os problemas que se dividem entre os nossos e os dos outros. Como aprender a não interferir nos problemas dos outros para que não passem a ser os nossos e como não impingir os nossos problemas aos outros.  Os caminhos que se percorrem para encontrar o tesouro que temos dentro de nós, se é que alguma vez lá vamos chegar.  O medo que devemos superar. A importância que tem saber dizer não, quando é não que queremos dizer, sem magoar. 

Aquelas conversas sérias no palco, expondo fraquezas a estranhos entre gestos naturais, gerou uma certa proximidade. Enquanto ela falava, dei por mim a rir e a pensar como somos parecidas ela eu eu. As minhas amigas iam-se rindo também e concordavam. 

Coisas engraçadas como deixar a carteira no chão em todo o lado, dizer não com toda a franqueza à proposta de um programa, quando não estou para lá virada. O prazer de estar com pouca e boa gente, para que se proporcionem momentos verdadeiros de intimidade e até o gozo de fazer limpezas em casa. Parecia que era eu que estava em palco a falar sobre a minha vida e os meus altos e baixos, se bem que a tarimba não se compara. 

De olhos fechados e ao som duma música calma, Marta Gautier concluiu o espectáculo, conduzindo-nos numa meditação para afastar o medo, deixando o corpo sentir e relaxar.

Quero agradecer às minhas amigas por terem insistido em proporcionar-me esta noite tão bem passada.

beijos

 

 

 

Entre duas bocas há um beijo que paira no ar, ardendo entre o ânsia e o medo de machucar. Em criança o beijo sara. Nos crescidos o beijo mata. Mata a sede, a fome e o cansaço entre dois corpos que se entrelaçam. Vem amor ou vem desgraça. Venha o que vier, fica depois a lembrança e talvez a saudade. Tempo para pensar logo mais, se é desejo de fugir ou pressa de voltar para mais beijos e mais abraços, recolhendo entre si pensamentos de promessas ao luar. O segredo está no beijo e o prazer é da carne. Há quem saiba beijar e há quem falhe. Quem não segreda desejos de carícias e abraços, mesmo que seja entre linhas num poema de amor, detém-se perdido no embaraço dos beijos que ficam por dar.