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Digo eu

Digo eu

Almoço de irmãos

 

 

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Fazia tempo que não nos sentávamos todos à mesma mesa. Parece impossível mas acontece que acontece. Acontecem muitas coisas em simultâneo a cada um e o tempo não ajuda. O tempo passa a correr e não chegamos a ter tempo de chegar a todos os que precisam, porque todos precisam.

A minha irmã mais velha já fez os seus 80, o que parece impossível. Ainda há pouco tempo era uma mulher cheia de energia, uma energia que ia e vinha juntamente com dissabores e a volta que dava por cima. 

Finalmente houve um pretexto e a coincidência de estarmos todos disponíveis para um almoço em casa do Zé que fez ontem anos e estava decidido em juntar a família. Quando falo de  família, refiro-me aos 17 irmãos, que hão-de ser sempre 17, independentemente dos acontecimentos naturais da vida que inclui a morte física.  Os problemas são muitos e nem sempre existe uma solução concreta e indiscutível. As doenças e as fraquezas vão surgindo, umas próprias da idade, outras por fatalidade, outras pela complexidade de feitios, bloqueios, impasses e apertos, esforços que não se cumprem por cansaço, dormência ou preguiça.

Se por um lado somos uma família forte, por outro há uma fragilidade instalada de energias confusas e perdidas e uma solidão incompreensível. Há um todo e um vazio, uma multidão e uma carência afectiva. 

Há sem sombra de dúvida o sentimento da grande falta dos nossos pais, a base sólida do espírito de união da família. Ficamos destruturados sem esses pilares nas nossas vidas,  o que se reflete e se manifesta em cada um à sua maneira e medida. 

Hoje sentimo-nos em casa como nos bons velhos tempos. Todos nos deixamos envolver pelo ambiente amoroso e cheio e graça, aproveitando o melhor possível a alegria daquele momento para esquecer o ram-ram do dia a dia.

É bom podermos estar juntos. É sempre muito bom sentir a presença de cada um, ver a cara de cada um, ouvir a voz de cada um, abraçar cada um. Ouvir novas histórias ou as mesmas de sempre, rirmo-nos em conjunto pelas mesmas razões e estarmos ali simplesmente na companhia uns dos outros. Ali somos o que somos sem ter nada a temer.