Dom da escrita
Sou uma ignorante no meio de tantos outros. Comparo-me a um grão de areia ou se calhar nem tanto quanto isso. Esta percepção que tenho, vale-me o reconhecimento da minha insignificância enquanto ser vivo no meio de gente tão mais preciosa do que eu. Sou uma pessoa importante na vida de alguns e afinal é isso que conta para mim. Não gostava de ser famosa por razão nenhuma do mundo. Basta-me a fama que tenho junto daqueles que gosto, porque são esses que conhecem o meu valor enquanto ser humano, independentemente de todos os erros que vou cometendo. Errar faz parte da aprendizagem de toda uma vida. Sem eles seria impossível progredir e então talvez eu fosse burra ou mais ignorante ainda. Enquanto uns me conhecem, outros vão-me conhecendo, dando-se ao trabalho de ver para além do que os olhos alcançam. São generosos todos os que se aproximam de mim, todos os que gostam de ler o que escrevo, apercebendo-se que me assemelho com eles de alguma forma, sobretudo na forma de estar na vida e de expressar o que sinto. Mas quando acho que consegui atingir um certo nível, deparo-me com um daqueles textos “obra-prima” e realizo, mais uma vez, que preciso de me reduzir à minha insignificância. Há pessoas tão talentosas que me fazem tremer pela destreza com que expõem as palavras, pelo genialidade do estilo e pela profundidade do conteúdo. Fico arrepiada e agradecida por conhecer talentos assim! Uns sabem escrever umas coisas, outros têm o dom da escrita e assim se distinguem e se destacam no meio de ignorantes como eu. És uma estrela Ana Rita, minha querida sobrinha! Todos deviam ler o que escreves dessa tua maneira tão bonita.