Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Digo eu

Digo eu

As incertezas de Maria (franzina)

 

 

noitejpg.jpg

 

 

Nunca se está preparado para as voltas que a vida dá. O futuro é sempre uma incógnita. A casa de Maria franzina e João universitário era um palco sempre animado. Estavam vários sempre em cena e a porta da entrada dava sinal... Surgiam uns, retiravam-se outros, ouviam-se passos e vozes, risos e diálogos entre os presentes das cenas banais do quotidiano,  que de banais não tinham nada. Embora houvesse uma rotina e regras que eram para cumprir, os personagens contribuíam para que houvesse sempre alguma curiosidade que se punha em marcha para fazer parte do cenário. 

Os filhos iam casando mas a casa continuava vibrante, com uma dinâmica extraordinária. Era ali que todos se reuniam todas as semanas, trazendo consigo os novos membros da família que se multiplicavam a um ritmo espantoso. Mesmo quando os casados saiam de cena para voltar às cenas deles, a casa continuava a rebentar pelas costuras. Entre os da casa e os que se instalavam como se a casa fosse deles (porque o ambiente era propício), não havia mãos a medir. Mais uma vez, Maria franzina tinha uma capacidade invulgar de fazer funcionar aquela peça, com deixas nem sempre evidentes e imprevistos a cada segundo. 

Os anos foram passando e outros factos foram brotando à laia de praga, mudando tudo. A família foi-se dispersando e o palco foi ficando vazio. Os acontecimentos sucediam-se, obrigando Maria franzina e João universitário a adaptarem-se conforme podiam. Tomavam-se decisões e cumpriam-se normas imprevisíveis.

Enquanto lá fora a multidão gritava, Maria franzina fazia as malas e desmanchava o seu doce palco, colocando-o dentro de caixotes com uma enorme dor no coração. A vida jamais seria igual e a família, que continuava a multiplicar-se, jamais seria a mesma. Uns partiam desconsolados, outros ficavam apreensivos. Quanto ao futuro era cada vez mais uma incógnita.

Universo

 

Sun_RotatingEarth.gif

 

 

 

Lá fora a chuva pinga e está um frio danado. Engraçado como o tempo passa e a terra gira mais depressa do que eu gostava. Na verdade a velocidade é a mesma desde sempre e o ritmo é igual. A mim é que me parece que é tudo mais rápido, que a velocidade do tempo acelerou e reparo como já  percorri mais de metade da minha vida.  Na minha cabeça ainda ontem o calor era insuportável e eu quase que suplicava que o ar arrefecesse, que o sol me desse tréguas e se escondesse levemente atrás das nuvens.  A terra gira, as folhas caem e a temperatura desce.  É este o processo natural e espantoso do universo. Tudo o que acontece tem uma razão de ser. E neste processo espantoso não temos nada a dizer. A escolha não é minha nem de ninguém. É a terra que gira à volta do sol no meio dum universo imenso de estrelas, planetas e cometas, luas e outras coisas que eu não sei mas que estão lá para uma função específica que eu nunca aprofundei. Existem tantas maravilhas que desconheço e outras tantas que já vivi. Espero ainda aprender o bastante durante o tempo que me resta, seja o tempo que for.