Um ano novo vem ai
Vamos todos andando para a frente, quer queiramos quer não, embalados ao sabor do tempo de uma única direcção. Apenas através das memórias se pode recuar no tempo. É bom saber donde viemos, o que fizemos e quem nos acompanhou, quem nos educou e nos sustentou, quem nos amparou até naquelas fases sinistras em que achávamos que que o mundo estava contra nós, quem nos fez dar as voltas necessárias para abrirmos os olhos, quem nos deu tantas e tão maravilhosas alegrias, quem nos deu o prazer de subir até à lua ou de sonhar acordados.
Há outras memórias menos boas... Somos tentados a permanecer nelas como se isso nos trouxesse alguma vantagem. Que cabeça a nossa! Que máquina tão poderosa, admirável e infernal que retém verdadeiras e falsas impressões que achamos ter tido, ilusões de uma realidade paralela à que vivemos. O rigor das nossas histórias é tantas vezes recreado por essa máquina diabólica. Memórias... reduzem e aumentam a profundidade na nossa história e produzem uma imagem mais bela ou monstruosa do que a original.
E o tempo vai andando sem recuar. O tempo voa contra a nossa vontade e vai deixando o rasto das nossas pegadas que às vezes o vento leva assim como leva as nossas memórias. Temos que andar para a frente, quer queiramos quer não. Temos que abraçar o tempo e saber tirar partido dessa única direcção. Nunca esquecer de sorrir antes que o tempo se esgote e nos tire o prazer de conhecer a nossa história, tal como a nossa função.