O dia de hoje
Não sei como vamos encarar o dia de hoje. Se já acordámos na disposição de passar mais 24 horas mergulhados na nossa rotina, sem reparar nos sinais que poderiam dar-nos alguma alegria, ou se estamos decididos a soltar a corda para agradecer por estarmos vivos. Será o dia de hoje é encarado como um nova oportunidade, ou como um dia a menos para a contagem final?
Não sei que vontade é a nossa ou se a fomos perdendo sem darmos por isso, se nos tornamos seres tão racionais e materialistas, deixando de dar atenção à parte emocional ligada ao espírito.
Andamos todos muito derrotistas sem grandes perspectivas. Tudo nos assusta e nos doí tanto a nível físico como mental, deixando-nos arrastar pelas notícias perturbadoras e alarmistas. Não há dúvida de que o mundo está em crise e os loucos estão no poder, curiosamente eleitos de forma democrática. É estranho pensar como há gente que apoia ideias sinistras tão diferentes das nossas, como podem ainda existir extremistas com a maior cara de pau que tomam medidas drásticas que não fazem justiça.
Por aqui é o que a gente sabe. Já só contam os números e as pessoas que se lixem. Despendem-se homens e mulheres de família, dando o lugar a escravos licenciados que não ganham um tostão furado, explorando-os até à última.
Não sei como vamos encarar o dia de hoje nem o dia de amanhã. Há motivos para agradecer mas quase ninguém os vê. O pessimismo alastra-se que nem uma praga e ficamos assim contaminados pela tristeza, pela frustração, pela angustia. O que há de bom passa despercebido no meio da morte lenta à qual nos entregámos.
Temos que nos importar mais uns com os outros, dar mais atenção uns aos outros e sobretudo ouvir o coração, para que seja possível redescobrir os verdadeiros valores e sentir o que há de bom no dia a dia, mesmo dentro da própria rotina.