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Digo eu

Digo eu

Descobre-te

 

 

 

Se queres ser alguém na vida, sê tu mesmo. Procura conhecer-te a fundo, sem pressa nem calma demais. Tudo tem que ter o seu ritmo, bem sei, o que nem sempre é fácil de encontrar. 

Às vezes é preciso tropeçar, cair e levantar. 

Não corras sem saber aonde vais. Mas se souberes o que te fará feliz num dado momento, não percas a oportunidade de ir correndo, batendo até com os calcanhares no rabo para lá chegares. 

Perde o fôlego mas não te percas. Vai como se vai com a certeza de coração, pensando em simultâneo,  porque é também preciso pensar. Mas se pensares por muito tempo, começas fatalmente a medir os prós e os contras, sentindo o medo a chegar. Medo de ser ridículo, medo de não conseguir, medo de ficar decepcionado. 

Não temas nada disso! Teme antes a dúvida por não teres tentado. 

Tenta quantas vezes forem precisas, tropeçando, caindo e levantando, sempre de cabeça erguida, com coragem, com vontade e com espírito de quem quer saborear a vida e esse teu caminho abastado. 

Conhece-te para que conheças os outros. Ama-te para que ames os outros. 

Vai fazendo o teu caminho ao teu estilo, com as tuas qualidades e o teu lado menos simpático, não esquecendo que és feito desse todo. 

Aceita-te e faz-te. Faz-te com as tuas próprias armas. E serás como tens que ser, genuíno, fidedigno, capaz. 

Volta sempre

 

 

 

 

Dou por mim sentada na mesa da cozinha a olhar para moscas imaginárias, sem vontade nenhuma de fazer seja o que for. 

Acontece sempre o mesmo cada vez que sais daqui para ir à tua vida. Sinto um vazio imenso, dificílimo de preencher. 

Não é que de repente não tenha nada que fazer. Deveria distrair-me com os meus afazeres, que são vários. 

O problema é que me arrasto como se tivesse mais 100 quilos em cima, com uma preguiça desmesurada. Só o simples facto de descer as escadas para beber café, torna-se um sacrifício, sabendo que já não estás no teu quarto a dormir, depois de teres chegado a altas horas da madrugada. 

A tua presença aqui far-me-á sempre falta, por mais que eu saiba que a tua vida se passa agora noutro lado. 

Mas esperar por ti para ir à praia, poder ir acordar-te e deitar-me ao teu lado, sentido o teu cheiro e ouvir-te respirar, traz-me a cada vez, uma tranquilidade e uma alegria inestimável. 

Ainda por cima, sei que desta vez saíste daqui com o coração apertado e com vontade de alongar o prazo. Gostarias de ter aqui ficado muito mais tempo do que o permitido.  Aproveitaste bem cada segundo e não houve ninguém com quem não tivesses estado. Divertiste-te à grande e mataste algumas das saudades, pedindo que as horas passassem a um ritmo mais lento, como se estivesses no espaço. 

A vida é assim. Nunca é igual. E se fosse, tu não irias gostar. Seria para ti um tédio se as férias se prolongassem. 

Mesmo quando eras pequena, a meio do verão dizias ter saudades da escola, deixando-me tão perplexa quanto fascinada.  

Meu amor, estarei sempre pronta para te receber. Nunca serás uma estranha nesta tua casa, onde cresceste e serás sempre amada. Volta sempre que quiseres e puderes, sem te sentires obrigada. 

 

Frederico (casamento)

 

 

 

O amor é lindo mas é exigente. 

É preciso interiorizar esse sentimento e dividi-lo em plenitude com a pessoa que temos ao nosso lado.

O casamento não é uma prisão mas sim uma escolha consciente e sincera. 

É olhar um para o outro e apreciar o amanhecer de cada dia, com vontade de construir um caminho a dois. 

É entrega e cedência, respeito e carinho. 

Olhe para mim e para o seu pai. Somos um casal feliz porque sempre pusemos o amor em primeiro lugar. O amor um pelo o outro, por tudo o que passámos juntos e por vocês, filhos,  que são a maior herança que podemos deixar. 

Somos felizes com o que temos e sabemos agradecer esta experiência tão única e maravilhosa. 

Frederico, você foi uma bênção nas nossas vidas. O nosso primeiro filho, a pessoa que veio dar mais sentido aos nossos passos. Tivemos uma vida difícil nos nossos primeiros anos de casados que soubemos e quisemos ultrapassar. Com esforço, com dedicação e sobretudo com amor. 

Você, meu querido filho tem virtudes espantosas. É atencioso, meigo, justo e respeitador. É altruísta e trabalhador. Quando olho para si, vejo todas essas qualidades e com o meu coração posso jurar que são o melhor contributo para conseguir ser feliz e fazer a Maria feliz. 

Nós como sua família, estaremos sempre prontos para ajudar no que for preciso. 

Muito mais do que o dinheiro e os bens materiais , é a importância da família.

É sem dúvida alguma a maior fortuna que se constrói, respeitando e amando os defeitos e as qualidades.

a nossa fortuna

 

 

 

Lembras-te de nós? Eu sim, perfeitamente.  Como se fosse hoje e o tempo não tivesse passado. 

Tanta coisa aconteceu entretanto, mas nem por isso deixo de ter presentes todas aquelas memórias que partilhámos na nossa juventude. Foi maravilhoso e continua a ser, porque as vivemos com o maior entusiasmo. 

Assistir ao nascer do sol, que de simples não tinha nada, era dos acontecimentos mais fantásticos que vimos juntos, naquele lugar que para nós era mágico. 

Na verdade tudo o que fazíamos juntos, estava repleto duma magia contagiante. 

Éramos um bando de rapazes e raparigas sempre com um sorriso na cara. Facilmente os sorrisos transformavam-se em gargalhadas, onde os nossos corpos se deixavam cair no chão a rebolar, literalmente. Os espasmos abdominais eram saudáveis. 

O que se passava na casa de cada um e que nem sempre gostávamos, era ultrapassado só por estarmos juntos naquela aventura, onde a idade pouco importava. 

Tudo aquilo era nosso! Tão bem que soube poder ter de tudo enquanto crescíamos e aprendíamos as melhores lições de vida.  Ali fomos felizes, a partir pinhões e a come-los às mãos cheias, a andar de bicicleta ou de moto, e a tomar banho à noite na piscina. 

 Não sei se realizas que tudo já desapareceu, excepto a praia do guincho. As nossas casas já não são nossas, a nossa piscina desapareceu e o nosso clube onde ouvíamos a nossa música, deixou de existir. Pinheiros há poucos e o espaços dos acampamentos foi escandalosamente ocupado por casas de gosto duvidoso.

Tudo foi irremediavelmente alterado para pior. As nossas vidas também mudaram. Tivemos que crescer e cada um ir à sua vida. Casámos, tivemos filhos e muitos dos nossos pais já partiram. 

Mas temos as nossas lembranças de momentos cruciais e tão saudáveis.  Temos o dever de os partilhar com os nossos filhos, para que saibam como foi a nossa juventude, para eles tão distante. 

Impossível esquecer cada um de nós, impossível esquecer o que vivemos juntos e tudo o que tivemos. A fortuna éramos nós.

 

Amor e saudade

 

 

 

Não sei até que ponto nos apercebemos no decorrer na vida, do mal ou do bem que fazemos aos outros. Se é consciente ou inconsiderado. 

Há coisas que são mais do que evidentes, mas outras nem tanto. 

Só o facto de sermos quem somos e de termos a nossa personalidade, afecta quem convive connosco, principalmente se esse convívio é diário. 

Não são necessariamente os grandes lances. São mais até as pequenas particularidades. Os caprichos,  as excentricidades, as obsessões e os rituais de cada um. 

Nada passa despercebido. E quanto mais tempo passa, mais esses pontos se tornam no maior mostrengo à face do universo. São actos para nós inofensivos que para os outros viram incómodos indisfarçáveis.

Vamos esticando a corda, folgando-a de quando em quando, para a poder voltar a esticar. 

Testamos a tolerância, a simpatia, a compreensão e até mesmo o afecto de quem nos é próximo, como se fosse uma missão que prometemos um dia cumprir. 

Vêm elas do nosso ego, aquele bicho que habita em nós, cravado nos ossos, no coração e na alma.

As promessas de amor até à morte, vão sendo inevitavelmente postas em causa. 

Que amor é esse que tanto fere e agride?  Pode ser exploração da fragilidade alheia em prol da expansão do próprio espaço, onde a violência nem sempre se traduz em pancada. 

Às vezes ela chega através das palavras, outras através do silêncio, outras em actos de puro egoísmo, de indiferença total, de desrespeito e muito mais. 

E quando vem o arrependimento, por mais sincero que seja, talvez seja tarde demais. Cada passo deve ser dado a dois para que haja saudade.

Pára, escuta e olha

 

 

 

Pára, escuta e olha! 

Anda para a frente mas não te sintas inferior se deres um passo atrás.

Olha para cima, para baixo e para os lados. 

Olha à tua volta. 

Olha para dentro e para fora. 

Pondera todas os ângulos, todos os cenários e todos os rastros.

Aceita tudo o que vier, na hora que chegar. 

E nesse vai e vem, nesse cair e levantar, nesse mundo cheio de primazias e desvantagens, cheio de alegrias e tristezas, nunca te esqueças de amar.

Ama com todas as tuas forças e nunca fiques pela metade. 

Não sejas um pau mandado, um triste ou um medroso.

Sê inteiro, sincero e apaixonado. 

Entrega-te de corpo e alma às tuas crenças, aos teus desejos e à tua dignidade.

Não tenhas vergonha de falar. Expõe, critica e elogia. 

Acredita!

Vai!

Faz!

Não andes à superfície onde nada é distinto. Vai até ao fundo para ver a verdade. 

Faz o teu caminho ao andar. 

Aproveita as sombras e as luzes, o sol e o luar. 

Perde-te e situa-te. 

Descobre e constata. 

Contempla e analisa. 

Medita e imagina.

Sonha! 

Voa!

Sai! 

Sai de ti e volta a entrar, quantas vezes forem necessárias,

até aceitares todos os ciclos que fechas e abres. 

Faz tudo isso e muito mais, 

mas nunca deixes de amar. 

Ama-te a ti aos outros.

E sê feliz ao te encontrares. 

 

 

memórias de infância

 

 

 

 

Tenho recordações de infância que jamais esquecerei. 

A Casa da Marinha fez parte da minha infância, com tantos mimos quanto terrores de alguém que cresce no seio duma família enorme. 

Tenho presentes momentos inesquecíveis, como as refeições à volta duma mesa gigante feita de troncos de madeira. Era um ritual sagrado, onde ninguém se atrevia a chegar atrasado, de fato de banho e t-shirt ou com uma toalha enrolada na cabeça para proteger o cabelo molhado. 

Havia espaço para tudo: das risotas aos sermões, dos discursos aos silêncios, da postura sempre direita com os cotovelos bem junto ao tronco. 

A disciplina era severa e inflexível, ainda que rolassem brincadeiras, cantorias e jogos onde todos participavam. 

O final da tarde era para um uma hora fatídica. O dia ia acabar e o medo da noite que se aproximava a passos largos, deixava-me angustiada. 

Com tanta mania de ser independente, custava-me ter que dormir sozinha sem ninguém com quem falar. Os quatro rapazes acima de mim dormiam todos juntos. E eu só queria era fazer parte daquele grupo, mas não fazia. Também não fazia parte do grupo das minhas irmãs, todas bem mais velhas do que eu. 

Eu era um ser único sim e mimado também. Tinha uma casinha de bonecas invejável e a atenção virada sobre mim nalguns aspectos. Noutros, como brincar sozinha e falar comigo própria, ninguém sonhava o quão solitária me sentia numa casa cheia de gente, com correrias constantes e assuntos importantes para resolver. 

As minhas opiniões formaram-se a partir de então. Gostaria de as ter partilhado com alguns dos meus irmãos, mas durante esse período que foi a minha infância, eu não tinha nada que formular opiniões, muito menos dividi-las ou pedir conselhos a quem quer que fosse.

Eu era a menina bonita de laço na cabeça que agradava a todos e que todos pegavam ao colo, como se fosse um brinquedo estimado, desde que fizesse o que me mandavam. Por isso aprendi a engolir muito do que não queria ou não gostava. 

 

Não é por acaso

 

 

 

Quando olho para ti, penso se não serás uma obra divina. Deus deva ter tido a sua influência para que tudo fosse assim tão perfeito. 

Não olho para os teus defeitos. Olho para ti unicamente, dos pés à cabeça e vejo-te por inteiro. Observo os detalhes um a um com minuciosidade e com este amor tão grande que não me cabe no peito. 

Não foi da minha imaginação que me veio esta ideia. 

Não fantasiei nada nem foi em sonhos que um dia te encontrei. 

Não foi por acaso. 

Foi por destino que nos calhou termos esta afinidade poderosa. 

Somos sangue do mesmo sangue onde  o coração fala sempre mais alto, entre abraços com a imensidão do universo. 

Compreendo-te plenamente e não julgo nada do que fazes, porque sempre respeitei a tua liberdade. 

Sempre deixei que fizesses as tuas escolhas, sem interferir ou danificar os teus planos, formados pelo teu juízo tão claro. 

Não me arrependo de nada. 

Criei-te para voares, respeitando  a tua iniciativa, os teus desejos e as tuas faculdades. 

Agora vejo com muito orgulho, que reconheces com o maior entusiasmo, tudo o que sempre fiz por ti, pela tua autonomia e felicidade. 

Espero, com todo este amor que não me cabe no peito, que a minha presença na tua vida continue a ser sentida, como a melhor ajuda nas decisões que tomares.