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Digo eu

Digo eu

Natal é família

 

 

 

Eu sei que sou ignorante. Desconheço o conteúdo das mais variadas questões, tanto de ordem política como económica e também geográfica. 

Desconheço muitos dos tópicos que estão na ordem do dia e dos quais muita gente tem uma opinião formada. 

Não sei o nome de muitos ídolos, nem o dos que comparecem nas festas da sociedade. Não frequento restaurantes conhecidos, onde o chef é bem capaz de vir à mesa meter dois dedos de conversa por simpatia ou mera conveniência, sei lá. 

No entanto sei de outras coisas que são importantes. 

Fui bem educada e comporto-me como tal (palavrões à margem). 

Consigo ver a diferença entre uma pessoa bem intencionada e outra cujo comportamento traz sempre água no bico. 

Aprecio com a maior intensidade o sentido de humor e o som das gargalhadas. 

Prezo pessoas de carácter, mesmo as que têm mau feitio.  

Respeito a vontade dos outros e as escolhas que fazem.

Dou a maior importância aos valores que me foram incutidos e reconheço que são a base para uma convivência saudável. 

Tenho bem presente a importância da família em tudo o que faço na vida. 

Gostava que o Natal continuasse a ser vivido com o espírito de união, onde quem precisa de ajuda fosse naturalmente ajudado, independentemente das circunstâncias. Que as portas se mantenham abertas à partilha do amor e à gratidão. 

 

Linha

 

 

Não conheço a distância que me separa dum abismo. Se no caminho que percorro existe apenas uma linha ténue e quase imperceptível entre uma vivência saudável e outra carente de sentido. 

Ainda sei o que me passa pela cabeça face às vicissitudes da vida, sendo capaz de reagir, mesmo quando não encontro a melhor solução.  

O que acontece afinal para se dar o tão fatídico desequilíbrio, com consequências dramáticas em relação à própria maneira de ver e estar na vida, é realmente o que mais me intriga.  

Deve haver tanto razões físicas quanto psíquicas para que se dê uma total impotência face às reflexões e conflitos, desencadeando emoções desproporcionadas face à impotência de resolver algumas questões pessoais. 

Hesitações e dúvidas todos as temos. Mas para quem transpõe essa linha quase imperceptível, passa apenas a ver portas fechadas e uma total escuridão num labirinto intransponível.  

Não será apenas por insegurança, mas talvez por se dar um enorme conflito entre vários factores interiores e exteriores, com  consequências catastróficas para quem se deixa atrair por um precipício. 

Sei de quem já lá esteve e como é tão difícil ou mesmo impossível voltar ao normal. 

Esta é uma das questões em que mais penso e onde o chão mais me foge.

Nunca te deixarei

 

 

 

Quando o dia chegar em que já não me poderes ver, lembra-te de mim com saudade por tudo o que fui mas também pelo que não pude ser. 

Lembra-te de mim totalmente, não tentando fazer de mim uma santa, mas antes pela mulher que te viu crescer. 

Perdoa as minhas falhas e aproveita para recordar o bem que chegou até ti através das minhas mãos, do meu olhar e dos meus concelhos, da minha entrega sincera enquanto mãe.

Sei que nem sempre me soubeste ler. Que às vezes me vias como uma mulher que te contrariava, te moía o juízo e com quem tentaste medir forças à custa duma pressão difícil de suster.

Uma mãe não nasce ensinada. É à medida em que os filhos vão crescendo que se aprende a educa-los, a dar-lhes o que precisam e a saber recusar algumas exigências que  só os filhos sabem fazer, tocando no ponto fraco de cada mãe. 

Uma mãe tem que ser forte, ainda que seja fraca. 

Tem que ser amável, mesmo quando não há razões para o ser. 

Tem que ser prestável, ainda que esteja esgotada. 

Uma mãe tem que tudo compreender em relação a cada um dos filhos, sejam eles dóceis ou rebeldes ao ponto de a fazer enlouquecer.  

Uma mãe põe-se no lugar dos filhos para que seja possível tudo resolver. As brigas e as revoltas, a falta de paciência, o nariz empinado e as respostas tortas, os desgostos, as euforias, as neuras, as mentiras  e as desobediências. 

Num instante tudo passa e os filhos saem de casa. As preocupações que podiam desaparecer, apenas se transformam. 

Quero que saibas que sempre estiveste em primeiro lugar, mesmo quando desacertadamente pensaste estar em último. Que o meu amor por ti foi sempre o maior de todos os amores que algum dia tiveste. 

E quando chegar o dia em que já não me puderes ver, quero que saibas que nunca te deixarei. Basta que me sintas cada vez que o teu coração bater.