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Digo eu

Digo eu

a minha mãe era calada

 

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A minha mãe tratava a sua mãe por “minha mãe” de forma tão carinhosa. Eu que sempre adorei a minha mãe, tratava-a apenas por mãe, mesmo achando que era a mãe mais fabulosa. Quando pensava nela, era a minha mãezinha querida e continuo a pensar. Nunca lho disse mas ela sabia, assim como sabe agora, olhando do céu para mim a toda a hora. 

A minha mãe não se assemelhava em nada à mãe dela, nem fisicamente, muito menos na forma de estar. Não era por serem de gerações diferentes. Eu que sou duma geração diferente da minha mãe, tenho uma forma de estar parecida com a dela, quando se trata de expor a minha intimidade. Eu não exponho a minha, ela não expunha a sua de forma alguma, por se tratar dum tema reservado unicamente à sua pessoalidade.

A mãe da minha mãe atraía para si as atenções e a minha mãe fugia delas. A mãe da minha mãe era egocêntrica e vaidosa e a minha era discreta e generosa, embora merecesse ser notada de tão distinta que era de corpo e alma. Longe de mim comparar-me a ela nesse aspecto de ser notável. Apenas sinto que tenho a mesma necessidade de ser reservada. Da intimidade não se fala.