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Digo eu

Digo eu

Bicho carpinteiro

 

O bicho carpinteiro de faca e queijo na mão, não tem como matar a fome. 

Corre dum lado para o outro, gesticula e atira-se ao ar, mas não vai a lado nenhum de jeito, com o seu jeito de trapalhão.

Derruba árvores e fabrica avenidas que dão num beco sem saída, voltando para trás de cabeça perdida, tudo por culpa da sua agitação. Perde-se à procura duma saída que lhe dê alguma satisfação, voltando ao ponto de partida sem nunca encher as medidas, procurando uma outra solução. 

Não há remédio que lhe sirva. 

Não há paz que lhe chegue. 

Impossível encher-lhe as medidas que se vão alterando a cada segundo, desafiando qualquer perito na confecção dum fato que lhe assente na perfeição. 

Pobre bicho carpinteiro... Sem pouso, sem rumo e sem raízes estabelecidas,  anda sempre numa roda viva em modo de desilusão. Ninguém segura o bicho carpinteiro. 

Ninguém lhe dá uma volta que ele não queira dar.

Não conhece alegria, nada lhe traz prazer. 

Só tem uma razão para o ser... Permanecer nessa busca  até um dia realizar que está enfim a sofrer. 

Então pára e pensa. Pensa pela primeira vez que é tempo de acordar para vida. Deseja apreciar o momento, antes que chegue a inevitável hora de ficar de língua de fora e por fim padecer.