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Digo eu

Digo eu

Cativar a catraia

 

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Ele era um rapaz tímido (até), ela uma catraia risonha com um belo sentido de humor.

Encontraram-se pela primeira vez na praia, no baile da espuma que as ondas faziam e onde ela dançava. Achava o rapaz que seria impossível conquista-la,  aquela catraia, menina sereia de canto sedutor.  Abrir uma concha para atrair o seu esplendor e depois fecha-la para manter no bolso o seu amor, seria um crime e um erro avassalador. Não havia nenhum livro de instruções que ensinasse a cativar a catraia, menina sereia de canto sedutor.

Era preciso inteligência e perspicácia e ser igualmente dotado de um bom sentido de humor.

Olha-la com olhos de ver para descubrir a melhor forma de aproximação.

Sentir dentro de si que não podia ser igual aos outros, mas comportar-se de forma simples e encantadora, sem qualquer pose de desconsideração.

Não se armar aos cucos,

não cantar de galo,

não se enervar nem querer mandar na catraia.

Não a reprimir nem acabar com o seu sentido de humor.

Depois de a olhar com olhos de ver, tinha que a cativar, mantendo-a livre ao seu sabor. Rir e cantar com ela era mais que fundamental. Eram esses alguns dos segredos. Empenhar-se para serem felizes ao lado um do outro era a grande chance de a conquistar, sem dizimar a sua alegria e arruinar o seu calor.