Fases...
Há dias em que sinto não ter nada para dar. Outros em que a disposição floresce e dá-se um outro fenómeno bem diferente. Apetece-me sair de casa, ver outra gente e conversar, ainda que os assuntos não sejam profundos nem acrescentem nada de novo à minha sabedoria banal.
Tenho dito repetidamente que há sempre coisas novas para aprender, o que vem contrariar o que acabo de escrever. A verdade é que o inverno me faz hibernar, deixando as minhas capacidades limitadas ou até mesmo congeladas, não me oferecendo grande espaço de manobra. O mau tempo é contagiante. Ou talvez me queira apenas justificar, dando essa desculpa para o meu comportamento, que não favorece nada nem ninguém.
Perdi a paciência para todas as formas actuais de comunicar, especialmente as que dão a falsa aparência de que estamos todos perto uns dos outros, quando na realidade estamos cada vez mais afastados. Não quero impingir a ninguém o meu estado de espírito enquanto uso este veículo para transmitir uma felicidade que nem sempre é real.
Queria escrever frases bonitas e inspiradoras, trazendo algum conforto aos que estão tristes, sem ter que inventar contos de fadas.
Talvez a solução passasse por recorrer às amizades e tirar partido delas.
Talvez devesse sair mais de casa.
Talvez haja uma série de outras saídas para esta dormência impertinente, que nenhum príncipe encantado consegue aliviar.
Não quero que me sintam como alguém que está desesperado. Esta é uma daquelas fases da vida, certamente familiar para muitos. Poderia inventar uma série de desculpas, atribuindo culpas que certamente nem existem.
Esta sou eu numa altura por que muitos passam. Para alguns é sinal de alarme. Para outros, onde me incluo, é uma forma de dizer que estou consciente do meu estado. Escrever sobre ele, nem que seja por breves palavras, é uma forma de o ultrapassar.