Imagens
Eu não tenho esse dom de captar a beleza através de fotografias. Não sei enquadrar o que vejo para tirar o melhor proveito da luz que incide no sitio certo, à hora certa, premindo o botão naquele momento preciso, em que o resultado espantoso fica depois à vista. E que belas imagens essas que se apanham com tanta arte, através de um (nada simples) click.
Eu cá ou uma naba nesse aspecto e em tantos outros, como por exemplo, perceber onde encaixam os parafusos duma estante que é preciso montar, para que fique bonita e funcional. E se vier com instruções, pior ainda! Dou por mim a olhar como boi para palácio sem perceber patavina, para uma série de palavras que não me fazem qualquer sentido. É como se estivesse a ler um livro em chinês ou qualquer outra língua estranhíssima.
Desisto ou nem tento. Prefiro ignorar essa arte e dar a vez a quem entenda disso, sem sequer pestanejar. E há quem me chame de incompetente só por causa disso. Vejam bem! Como se a inteligência ou sensibilidade tivesse que estar obrigatoriamente canalizada para tudo o que existe. Para mim é cada macaco no seu galho, sem complexos de espécie alguma. Não temos que ser todos iguais, possuir os mesmos dons, gostar das mesmas coisas, nem ter as mesmas opiniões. Isso é falta de personalidade ou até mesmo um profundo desequilíbrio. Dou-me conta das minhas incapacidades, da minha falta de jeito ou até repúdio por tudo aquilo que nada tem a ver comigo.
Tenho pena de não saber captar imagens majestosas para que outros as possam apreciar, mas retenho-as cá dentro sem as ignorar. A beleza das coisas é-me fundamental assim como a beleza interior das pessoas, tantas vezes subestimada pelo reflexo exterior.