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Digo eu

Digo eu

Miúda...

 

 

 

Miúda não tens medo de nada! Ou se calhar os teus medos não são assim tão diferentes dos meus. Apesar de tudo, lá vais tu de mochila às costas sem te importares com os perigos que vais atravessar. 

Tu queres é ir. A partir daí, não importa se vais dormir no chão,  na areia da praia ou num quarto duma pensão barata, dividindo o quarto com quem lá estiver. Estás pronta para tudo isso e muito mais. 

Na verdade o que te fascina é ver o mundo, com o pouco dinheiro que puseste de parte, passando por algumas privações. 

Não te alimentaste assim tão bem durante um ano inteiro, nem não compraste nada de especial, muito menos roupa. Não compraste algumas coisas que para mim seriam essenciais. 

Dividiste as despesas da casa com alguns estranhos, que acabaram por se juntar à lista de amigos que já vinham de trás. 

Dormiste num quarto pequeno sem grandes comodidades, numa casa nos confins do mundo, longe do centro, longe do trabalho, num bairro onde eu duvido que fosse capaz de o escolher para morar. 

Talvez isso faça de ti uma pessoa muito mais corajosa do que eu, muito menos exigente do que eu, muito mais receptiva do que eu. 

Ainda não sabes o que vai ser o dia de amanhã, nem te importa não saber.

Mas sabes, com toda a certeza, dessa vontade incontrolável de partir de mochila às costas rumo a outras paragens. Atrai-te o desconhecido, a aventura, a possibilidade de fazer mais amigos, e melhor ainda se a língua não for a mesma. 

Se ser nómada é a maior das atracções, incluindo o desprendimento quase total, por outro lado isso gera em mim alguma preocupação. Tenho medo que não cries raízes em lado nenhum. 

Que a vontade de viajar seja a razão para não pensares no futuro. 

Que te repugne a ideia de um dia encontrares alguém para constituir uma família. E por mais que eu aprove tudo o que vais fazendo, por mais que eu inveje esse teu atrevimento, tenho que dizer que um dia gostava de ser avó.