Nunca te deixarei
Quando o dia chegar em que já não me poderes ver, lembra-te de mim com saudade por tudo o que fui mas também pelo que não pude ser.
Lembra-te de mim totalmente, não tentando fazer de mim uma santa, mas antes pela mulher que te viu crescer.
Perdoa as minhas falhas e aproveita para recordar o bem que chegou até ti através das minhas mãos, do meu olhar e dos meus concelhos, da minha entrega sincera enquanto mãe.
Sei que nem sempre me soubeste ler. Que às vezes me vias como uma mulher que te contrariava, te moía o juízo e com quem tentaste medir forças à custa duma pressão difícil de suster.
Uma mãe não nasce ensinada. É à medida em que os filhos vão crescendo que se aprende a educa-los, a dar-lhes o que precisam e a saber recusar algumas exigências que só os filhos sabem fazer, tocando no ponto fraco de cada mãe.
Uma mãe tem que ser forte, ainda que seja fraca.
Tem que ser amável, mesmo quando não há razões para o ser.
Tem que ser prestável, ainda que esteja esgotada.
Uma mãe tem que tudo compreender em relação a cada um dos filhos, sejam eles dóceis ou rebeldes ao ponto de a fazer enlouquecer.
Uma mãe põe-se no lugar dos filhos para que seja possível tudo resolver. As brigas e as revoltas, a falta de paciência, o nariz empinado e as respostas tortas, os desgostos, as euforias, as neuras, as mentiras e as desobediências.
Num instante tudo passa e os filhos saem de casa. As preocupações que podiam desaparecer, apenas se transformam.
Quero que saibas que sempre estiveste em primeiro lugar, mesmo quando desacertadamente pensaste estar em último. Que o meu amor por ti foi sempre o maior de todos os amores que algum dia tiveste.
E quando chegar o dia em que já não me puderes ver, quero que saibas que nunca te deixarei. Basta que me sintas cada vez que o teu coração bater.