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Digo eu

Digo eu

O que sentem por nós

 

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Não sei se já reparaste que somos pessoas especiais. Todos o somos por diversas razões, embora, no nosso ponto de vista, antagónicas.  Mesmo para aqueles que embirram com a nossa simples presença ou que até ficam enjoados quando ouvem falar de nós. Mesmo para os que nos odeiam, sem haver uma razão concreta e plausível, daquelas que qualquer um poderia entender, incluindo nós.

Mas não. A nós não nos entra na cabeça esse género de sentimento que outros têm, quando pensam e falam de nós.  Se ponderarmos bem, até o ódio, que lá no fundo (para quem fala a nossa linguagem) é pura embirração ou dor de cotovelo, nos torna especiais.

Especiais no sentido de sermos alvo de emoções, ainda que subversivas.

Não deixa de ser verdade o que comecei por dizer. Somos pessoas especiais, na medida em que despertamos interesse, seja ele de que ordem for, tanto aos que nos querem bem como aos outros. 

Os outros que não sabem nem querem saber de nós, nem das nossas vidas, dos nossos interesses ou objectivos, muitos menos dos nossos êxitos, das nossas feridas ou aflições. Aliás, o nosso êxito é muitas vezes  motivo de desconfiança, enquanto que as nossas feridas lhes dão um gozo diferente do nosso. 

Talvez este tema não mereça ser discutido. Talvez nem valha a pena perdermos tempo, cogitando sobre o que suscitamos aos que não gostam de nós. São razões que desconhecemos. São sensações incómodas que nunca experimentámos, graças à integridade que nos bate no peito. 

Somos todos insólitos! Nós que somos especiais e os outros que também o são, por razões tão opostas.