Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Digo eu

Digo eu

O que vale a pena é amar

 

 

 

 

Já ouvi da tua boca milhares de conselhos e dicas. Já te ouvi dizer que não percebes as minhas reacções, que eu deveria abrir mais a boca para falar sobre o que me incomoda e o que me aflige. 

Provavelmente tens razão e eu sei bem que o fazes por amor, tal como eu sempre fiz contigo. 

Respondo-te que com o passar dos anos, aprende-se muito. A falar só quando é preciso e na altura certa. E essa altura pode não ter nada a ver com a tua, que ferves em pouca água e deitas tudo para fora, arranjando sarna para te coçares. 

É preciso aprender a ter calma. Muita calma e paciência, mesmo que isso tenha como contra-partida o reflexo de uma certa tristeza estampado nos olhos. Ou será sabedoria o facto de reconhecer quando se deve estar calada? 

Gostaria que aprendesses a ver mais o meu outro lado, aquele que ri em alto e bom som e se deleita com as coisas simples da vida. Porque no fundo são elas que importam e nos levam adiante. 

É o amor que tenho por ti que me move até aos confins do mundo. Que me levanta todos os dias e me faz andar, mesmo que não me apeteça rigorosamente nada. É esse amor que tenho dentro do peito que me leva a fazer o que faço, por obrigação ou por prazer. 

Faço-o por mim e faço-o por ti. Porque se eu um dia deixar de ser quem sou, tu vais desconfiar. Vais-me ver como uma estranha que tomou o meu lugar. 

Então, mais uma vez deixa-me que te diga que nem tudo tem que acontecer no mesmo segundo que outras coisas acontecem. A resposta nem sempre tem que ser imediata. É preciso amadurecer e interiorizar. É fundamental deixarmo-nos crescer e ver quais os benefícios e as inconveniências das nossas reacções. Quem vamos magoar, quem vamos ajudar, quem vai lucrar com o que achamos estar certo na altura errada. 

Também te digo que às vezes odiamos quem mais amamos na vida. Porque o amor tem esse lado de também fazer sofrer, de também fazer chorar e de ainda ser capaz de tudo superar. 

Só assim vale a pena viver. Amando e respeitando cada um, sem lhes impor nada.