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Digo eu

Digo eu

País de contrastes

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Já todos sabemos que somos um país de contrastes. Sim, temos um país lindo e que ainda por cima está super na moda e numa maré de sorte, depois de anos a fio a ser ignorado e até achincalhado. “Portugal? A sim tenho uma vaga ideia. É uma província espanhola, certo?” Ou pior... “É uma terra qualquer perdida no meio das Américas”.
Éramos vagamente conhecidos por causa do Eusébio, depois do Figo e finalmente do Ronaldo, o nosso menino de ouro do futebol. E claro está, também por causa do Fado e da nossa deusa Amália que agora descansa em paz, justamente ou não, no Panteão Nacional ao lado da Pantera Negra, aquele herói nacional, que apesar de herói, nunca trouxe para o país uma taça.
Inesperadamente e contra todas as expectativas, lá ganhámos o Europeu e tonámo-nos tão famosos quanto motivo de invejas mesquinhas de vários países e reporters.
Tivemos a visita de vários Papas ao Santuário de Fátima, mas nenhuma com tanto valor quanto a última, que nos trouxe o Papa Francisco (o homem santo que todos respeitam e adoram) para as comemorações do centenário das aparições da Virgem aos 3 pastorinhos e da canonização dos 2 mais novos.
E como não há 2 sem 3, ganhámos, também pela primeira vez, o festival eurovisão da canção, com uma música calminha cantada pela voz maravilhosa dum rapaz chamado Salvador, que se tornou igualmente num herói nacional, apesar das críticas e piadolas.
Isto tudo meus amigos são vitórias atrás de vitórias que nos deixam orgulhosos e eufóricos, diga-se de passagem com alguma razão.
E o facto de estarmos da moda e numa maré de sorte, deixa que o país seja invadido de turistas que se apaixonam por Portugal. Há muitos até que vêm para ficar. Será o caso de Madona? Não é a primeira figura relevante do nome da música/cinema que se deixa encantar ao ponto de aqui querer permanecer.
Então mas onde estão os contrastes? A pobreza envergonhada ou descarada é um enorme contraste. Os despedimentos em massa sem justa causa, são outros dos contrastes. O descaramento dos políticos, os roubos à descarada e os negócios clandestinos são mais alguns.
Mas o nosso clima é maravilhoso, as nossas praias paradisíacas, as paisagens de cortar a respiração. O povo é acolhedor e fala todas as línguas, mesmo sem ter aprendido na escola. A gastronomia passou a ser "gourmet" e há restaurantes em palácios e armazéns transformados em espaços do mais "in" que pode haver.
Por isso a gente vai esquecendo o que está mal ou então não queremos ver. O que conta é o momento e a euforia das vitórias e depois logo se vê.
Com isto, espero que continuemos a ganhar e a somar pontos, mas que aprendamos também a fazer frente aos contrastes com o mesmo empenho e a mesma fé.