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Digo eu

Digo eu

Ser louca ou ser eu

 

 

 

 

 

Quem me dera poder ser louca por um dia, ou quem sabe ser eu mesma, sem prejudicar nada nem ninguém.

Quem me dera fazer brilhar a minha imaginação e pô-la em prática, percorrer alguns caminhos que me eram destinados, mas que nunca ousei.  

Quem me dera ter a bravura de acreditar em mim própria, atirando-me duma ponte ou dum penhasco, sabendo que o dom de voar me salvaria da ausência, por onde sempre caminhei.

Quem me dera não ser julgada pela vontade  sistemática de dançar até de madrugada, de rir à gargalhada com cenas que me vêm à cabeça e que jamais esquecerei.

Quem me dera entrar por esse mar adentro e nadar até ao horizonte, onde o sol se põe e entra a noite, sem temer a escuridão.

Quem me dera ser tocada por uma estrela ou montar-me num  dragão, viajar pelo mundo de cabelos ao vento, gritando até me faltar a respiração. 

Quem me dera ser louca ou ser eu mesma, acreditar que poderia viver noutro planeta, deixando-me cativar por alguém tão delirante quanto eu. 

Quem me dera poder ser louca sem nunca me cansar, não ligando à consciência que tantas vezes me escondeu.

Quem me dera ser louca e tão lúcida, experimentar sensações libertadoras, sem dor ou sem culpa da arte que me envolveu.  Sentiria apenas a verdadeira independência de todo o meu ser e de toda a minha alma, prolongando esse dia até o apogeu.